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Governo discute maneiras de incentivar o consumo para reaquecer economia

Na área econômica, há quem defenda que essa medida não seja adotada de pronto. Acreditam que os resultados do recente aumento do limite do crédito consignado de 30% para 35% para o uso no cartão de crédito devem aparecer em

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Mesmo assim, a expectativa da presidente Dilma Rousseff é que essa mudança contribua para renovar o ânimo de empresários e dos consumidores logo no início de 2016

Com a economia abalada pela crise política e o País à beira da recessão, o governo já estuda formas de facilitar o crédito ao consumidor para tentar aquecer a demanda. O formato, porém, será cauteloso, distante das medidas adotadas há sete anos para combater a crise internacional e muito longe do que defende o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Duas premissas estão norteando este planejamento: as medidas devem ser tomadas sem comprometer a política fiscal e o impacto na inflação tem de ser o mais baixo possível.

A estratégia deve ser adotada ainda este ano, aproveitando a proximidade do Natal. Instituições do comércio e consultorias já projetam as vendas de fim de ano como muito fracas, diante do atual cenário. Apesar da consequência imediata nas vendas do comércio, o impacto na economia deve levar um tempo maior, de cerca de dois trimestres. Mesmo assim, a expectativa da presidente Dilma Rousseff é que essa mudança contribua para renovar o ânimo de empresários e dos consumidores logo no início de 2016.

Os estudos que circulam no governo indicam que caberá ao Banco Central afrouxar regras de provisionamento para calote com o objetivo de fazer com que os bancos liberem crédito a linhas específicas ao consumidor. Para restringir ou incentivar esses empréstimos, o BC atenua exigências de reservas do capital próprio que os bancos precisam manter em caixa para emprestar. Combinado a isso, também se espera a liberação de parte do dinheiro que os bancos são obrigados a deixar no BC, os chamados depósitos compulsórios. No entanto, a autorização seria condicionada ao desembolso em empréstimos para o consumo. Ou seja, o uso do dinheiro seria “carimbado.

Não se trata, segundo fontes ouvidas pelo Estado, de voltar a usar os bancos públicos para conceder empréstimos com taxas subsidiadas, prática recorrente do governo petista que fez com que se agravasse o rombo das contas públicas. O desmonte das medidas que restringem o crédito não comprometeria, em tese, o esforço do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de buscar o equilíbrio das contas públicas.

No entanto, a mudança significaria, mesmo que de forma parcial, a aceitação do governo da estratégia proposta pelo ex-presidente Lula para tirar o ajuste fiscal do foco. Na sexta-feira, ele voltou a defender com ênfase o uso do crédito para salvar a economia.

“Temos um mercado extraordinário. São 200 milhões de seres humanos dispostos ainda a fazer compras. É a garantia para eles não perderem o emprego e a economia voltar a guiar”, disse Lula, em entrevista a uma rádio na Bahia.

Lula não está sozinho e a influência dele no governo só aumenta. O Estado identificou que a defesa de mais crédito para irrigar a economia é bandeira de cinco ministros com influência na Esplanada, mesmo de fora do PT. Eles só admitiram na condição de anonimato porque a palavra final é da presidente.

Na área econômica, há quem defenda que essa medida não seja adotada de pronto. Acreditam que os resultados do recente aumento do limite do crédito consignado de 30% para 35% para o uso no cartão de crédito devem aparecer em mais algum tempo. A medida deve dar uma “respirada” na economia, apostam integrantes da equipe econômica.

No governo, no entanto, há quem veja com preocupação o incentivo ao crédito como sinal contrário ao combate da inflação, justamente no momento em que o Banco Central trava uma batalha dura para levá-la ao centro da meta.

O ex-diretor do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas, avaliou que a disparada da inflação não é decorrente de um aumento desenfreado da demanda e, portanto, a medida não traria risco para a alta de preços. “O grande ponto de interrogação é se o consumidor vai querer se endividar ainda mais neste momento em que tem chances de perder o emprego”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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